A casa sobre a que escolhemos trabalhar estava situada no bairro de La Bachillera, em Sevilla, Espanha. O nosso critério de escolha foi a possibilidade de gerar uma transformação mais abrangente neste bairro carente da cidade, já que desde 2010 já vínhamos trabalhando em colaboração com a Arq. Valentina Tanese numa proposta de reabilitação urbana, apresentada em sua tese de mestrado na politécnica de Madrid. Assim, a ideia foi que a partir da reforma de uma casa especifica, o modelo pudesse se replicar para a vizinhança de forma mais sistematizada e barata. A maioria das casas do bairro se encontravam degradadas e com problemas estruturais, construtivos e de conforto térmico.

La Bachillera é um bairro totalmente autoconstruído e de tradição participativa entre sua população, o que nos motivou a propor uma transferência de conhecimento das técnica a serem utilizadas por meio de oficinas, criando assim as condições de estender a proposta de melhoria para todo o bairro. Com a ajuda de José Inácio como elo com a comunidade, escolhemos a casa da família de Mari e Luís, que sofriam pela falta de espaço, privacidade e de conforto ambiental em geral. A reforma proposta teve como objetivo dotar a casa deum quarto a mais para o neto mais velho, que dormia em um cômodo sem janelas e maximizar a qualidade espacial e ambiental com o menor gasto, mantendo a maior parte da edificação existente e reutilizando elementos como janelas, persianas e estruturas metálicas. Originalmente a parte mais importante da casa segundo a família, era o terraço no pavimento superior, onde Luis cultivava suas plantas em muitos vasos. Este local, mesmo protegido por uma cobertura especifica para sombreamento era um espaço muito quente e pouco ventilado, e nossa primeira proposta foi desloca-lo para o pavimento térreo, afim de controlar o calor com estratégias bioclimaticas passivas. Assim, o contato com a inercia do terreno e a vegetação dos vasos do Luis e a área sombreada pela edificação seriam a composição perfeita do típico pátio Andaluz, podendo criar um microclima fresco capaz de distribuir ar fresco para toda a casa com a ajuda de chaminés solares propostas no teto das esquinas opostas a este novo pátio. Em um encontro com os proprietários da casa, vizinhos, construtor e equipe de arquitetos nos comprometemos com a execução da proposta de reforma que apresentamos em concurso caso ganhássemos (e ganhamos!). Foi uma experiência enriquecedora trabalhar com todos eles e o resultado demonstrou a real possibilidade de conciliar as necessidades sociais, ambientais e espaciais dos habitantes com o desenvolvimento sustentável para além dos muros de suas casas.